Entre em sua conta para ter acesso a diferentes opções

ESQUECEU SUA SENHA?

ESQUECEU SEUS DETALHES?

AAH, ESPERE, EU ME LEMBRO AGORA!

Fundação Astrojildo Pereira

FALE COM A FAP: (61) 3011-9300
  • INÍCIO
    • Quem somos
    • O que é a FAP ?
    • Estatuto
    • Documentos
    • Editais
    • Contato
    • Transparência | FAP
  • Revista Online
    • TODAS VERSÕES
  • Política Hoje
  • Temas & Debates
    • Especial Copa
  • VÍDEOS
  • PUBLICAÇÕES
  • ACONTECE NA FAP
  • BIBLIOTECA
    • Consulta ao acervo
    • Sobre a biblioteca
    • Coleções
    • Serviços
    • Contato
  • Meu Carrinho
    Nenhum produto no carrinho.

Marco Aurélio Nogueira: As névoas que recobrem a sujeira do planalto

Fundação Astrojildo Pereira
sexta-feira, 02 dezembro 2016 / Publicado em Destaques, Notícias, Opinião

Marco Aurélio Nogueira: As névoas que recobrem a sujeira do planalto

Visualizações: 599

Ninguém sabe. Mas dá para ver que Calero não atirou a esmo e seu alvo não era exclusivamente Geddel.

Há coisas nebulosas, coisas intrigantes e coisas escandalosas no caso Geddel-Calero.

O escândalo é fácil de ser localizado.

Um ministro procura achacar outro para resolver um problema pessoal, numa absurda tentativa de coação do privado sobre o público. Quer dar uma carteirada e sair na boa. Nada mais antirrepublicano. Crime grave, ainda mais porque cometido no centro nervoso da Presidência, de modo infantil e presunçoso, indiferente ao bom-senso, como se quisesse provocar um vendaval de detritos e sujeira. O ex-ministro Geddel fez, literalmente, uma porcada, ou uma porcaria.

Em reação, o ministro-vítima sai pelo Palácio gravando conversas com seus pares e com o próprio Presidente. Falar em deslealdade, no caso, é cabível, ainda que tenha se tratado de uma manobra de autoproteção. Mas não é atitude razoável em um cargo como o de ministro de uma República na qual as coisas públicas devem ser tratadas publicamente. Temer falou em indignidade. Tem certa razão. Pode nem ser tanto, mas choca.

O nebuloso tem a ver com a atitude de Calero. Por quê? Não só gravou como fez questão de divulgar para o mundo que o fez. Ganhou uma projeção que jamais teve ou teria, vestindo o cômodo figurino do herói, do perseguido, do íntegro. Calero não só quis ser honesto, mas parecer sê-lo. Com qual finalidade?

Como há sempre um dia após o outro, a operação parece ter sido desenhada para organizar o próximo passo ou outra jogada de efeito mais à frente. Quem sabe uma candidatura? Um livro de memórias? Um filme?

Ninguém sabe. Mas dá para ver que Calero não atirou a esmo e seu alvo não era exclusivamente Geddel. Na mira, estava também Eliseu Padilha, ministro muito mais poderoso, além evidentemente do próprio presidente. Estava, portanto, o núcleo duro do Governo Temer.

Não se tratou de um ataque gratuito ou da ação de um lobo solitário, por mais que se deva dar ao ex-ministro o direito de se proteger do lamaçal que escorre em Brasília e dentro do Palácio. Ele mesmo disse que foi “aconselhado por amigos da Polícia Federal”. Deve ter ouvido muita gente antes de agir, o que sugere uma ação articulada.

O intrigante está aí. Calero gravou conversas estratégicas e explosivas, o que faz com que seja inevitável a pergunta sobre suas motivações e sobre as consequências de seu ato. Os petardos do ex-ministro podem ter sido qualquer coisa, mas não foram ingênuos nem aleatórios, e muito menos para defender a própria pele.

Até aí, matéria para um bom folhetim de suspense. A questão de base — o tráfico de influência —, porém, persiste, a assustar até os mais vetustos fantasmas do Palácio.

Ela mostra uma das dificuldades principais do Governo Temer, talvez sua maior fragilidade: a escolha de colaboradores. Seu déficit nessa área é brutal. Ou os escolhidos têm o rabo preso, ou são inadequados, ou são fracos de dar dó. Salvam-se poucos: Meirelles, Jungmann, Serra, Roberto Freire, Flávia Piovesan — dá pra contar nos dedos.

Com uma equipe de poucos que podem fazer a diferença, Temer tem de enfrentar um mar revolto e turbulento, em cujas praias repousam uma economia estagnada, milhões de desempregados e uma sociedade alvoroçada. É difícil vislumbrar como conseguirá fazer a travessia.

A chamada classe política, que deveria mostrar racionalidade superior e capacidade de interpretar os sinais do tempo, não o ajuda e ameaça, a todo momento, destroçá-lo de uma só vez ou comê-lo pelas bordas. O próprio presidente, figura de proa dessa classe, parece perdido, sem saber que caminho seguir ou que tom dar ao coro dos insaciáveis.

Não seria mais razoável o presidente começar de novo, enquanto há tempo? Reorganizar o governo, recheá-lo de bons técnicos e de políticos consistentes, traçar metas generosas e emprestar qualidade à comunicação pública, para tentar se ligar melhor à sociedade? Difícil, mas não impossível, até porque não depende exclusivamente dele. Onde estão os que o apoiaram em nome dos interesses gerais da nação e não de olho no próprio umbigo?

Aí, o cidadão olha desesperadamente para fora do governo, para além dele. Procura forças sociais com vocação reformadora e espírito democrático. Não acha. Procura lideranças que consigam conjugar todos os tempos verbais. Não acha. Procura gente que queira debater com serenidade, estudar o país e o mundo, disseminar cultura política democrática e senso de responsabilidade. Não acha, ou acha poucos, quase sempre caçados pelos militantes da intransigência.

Dirige-se então às oposições e se depara com um elenco conhecido: demagogos de prontidão, gente que se mexe sem sair do lugar, líderes histriônicos que se dão ares de providenciais, que prometem passar o país a limpo e esquecem o quanto de sujeira eles próprios produziram, que circulam, falam e gesticulam como se fossem os salvadores da pátria e trouxessem o futuro nas mãos, valendo-se dos mesmos expedientes e da mesma retórica surrada de sempre, que prometem partir do zero e mostrar como se governa, tal como heróis da modernidade perdida.

É uma oposição temperada com desejo de vingança e ressentimento, que trabalha para devolver a Temer o impeachment que ele protagonizou. Pode ser que venha a acontecer, mas, se assim for, o barco continuará o mesmo, o mar permanecerá revolto e as praias não sairão do lugar. Ao menos no curto prazo.

Os déficits são enormes. Falta convicção social de que a representação democrática é um valor. Faltam partidos com musculatura para agregar grupos e pessoas em torno de programas factíveis de reforma. Faltam bons sistemas educacionais, regulação democrática dos meios de comunicação e redução da publicidade manipuladora para que se dissemine capacidade crítica entre os cidadãos. É um vazio cívico que tem sido preenchido por formas light ou hard de autoritarismo e por postulações próximas da barbárie, da intolerância e da grosseria preconceituosa.

Está difícil. Nunca é fácil.

Sempre há um excesso de pó e fumaça na vida real, a saturá-la e encobri-la. A realidade é uma combinação marota de verdade e ilusão, essência e aparência. Há uma “pseudoconcreticidade” embaçando a concreticidade. Enxergamos sempre paisagens na neblina, o que nos impede de desvelar aquilo que surge. Nem tudo é o que parece.

Lutar e brigar há que. Mas a batalha mais importante é a da compreensão: a crítica do real. Mais importante porque mais difícil e porque hoje se faz em campo aberto, sujeito a muitas interveniências, narrativas, ressignificações e exageros. Quando se consegue limpar o quadro, a paisagem já voltou a mudar.

Talvez por isso tanta gente opte por gritar, protestar, advertir, ameaçar, resistir, denunciar. Busca-se assim um lugar ao sol, em nome da sensação de que se está pondo algo em movimento.

O verdadeiro movimento, porém, passa ao largo, silencioso, imperceptível.

Não há um antes e um depois, tipo primeiro a razão depois a luta. Lutar às cegas é se candidatar à derrota. Lutar é compreender e compreender é lutar. A realidade é uma só, verdade e aparência, e os que querem compreendê-la precisam tratá-la como um todo. A verdade nasce daí, com todos os senões, limites e contradições.

* Marco Aurélio Nogueira: Cientista político por profissão e por paixão. A política liberta, mas também pode ser uma prisão. Democrata e gramsciano por convicção, socialista por derivação. Corintiano de raiz. Atualmente, coordena o Núcleo de Estudos e Análises Internacionais-NEAI da UNESP. Seu livro mais recente é As Ruas e a Democracia. Ensaios sobre o Brasil contemporâneo (Contraponto/FAP, 2013).


Fonte: http://ano-zero.com/caso-geddel-calero/

  • Sobre
  • Últimos Posts
Fundação Astrojildo Pereira
Últimos posts por Fundação Astrojildo Pereira (exibir todos)
  • Revista Política Democrática Online – Edição 27 - 22 de janeiro de 2021
  • Revista Política Democrática Online 26 - 17 de dezembro de 2020
  • Revista Política Democrática Online 25 - 12 de novembro de 2020

Fonte:

Tags Calero, Geddel, Polícia Federal, Temer

O que você pode ler a seguir

Luiz Carlos Azedo: A porta de saída
Luiz Carlos Azedo: Cartas na mesa
Novas infecções por HIV sobem 2,3% no Brasil entre 2010 e 2015, diz UNAIDS

Deixe uma resposta Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pesquisar

Postagens Recentes

  • O Estado de S. Paulo: Juristas já veem motivos para abertura de impeachment de Bolsonaro

  • O Estado de S. Paulo: Planalto faz investida contra pressão por impeachment

  • Mario Sergio Conti: O Brasil tem um problema. Tirar Jair Bolsonaro da presidência da República

  • Cláudio de Oliveira: Frente ampla na Câmara e no Senado

  • Marcus Pestana: Vacina, estupidez e desenvolvimento

ENCONTRE AQUI

  • A FAP indica
  • Trabalhe Conosco
  • Editais
  • Webmail
  • Curta a Esquerda Democrática no Facebook

INFORMATIVO FAP

CONTATO

Telefone: (61) 3011-9300
Email: contato@fundacaoastrojildo.org.br

Fundação Astrojildo Pereira

CNPJ: 04575883/0001-19
SEPN 509, bloco D, Lojas 27/28, Edifício Isis - CEP: 70750-504 - Brasília-DF

Abrir no Google Maps

  • Obter Redes Sociais
Fundação Astrojildo Pereira

© 2015-2018 Todos os direitos reservados. - Astrojildo Pereira - FAP.

TOPO